O intestino – nosso segundo cérebro

Segundo o neurocientista David Perlmutter,  já não faz mais sentido diferenciar o cérebro do intestino.  Eles são funcionalmente muito parecidos e se comunicam intensamente por estímulos elétricos e químicos. Basta dizer que 90% da serotonina é produzida no estômago.  Além disso, dopamina, GABA e outros neurotransmissores são sintetizados no intestino. E essa comunicação forma uma rede tão complexa e interdependente que não se pode separar as bactérias intestinais dos neurônios no cérebro.

Os alimentos são informações.

O nosso microbioma está também intimamente relacionado com o sistema imunológico.

Sabemos que 2/3 do sistema imunológico está embutido no trato gastrointestinal. E que, quando o intestino está inflamado o sistema imunológico também se inflama e envia citocinas, que são mensagens inflamatórias, para todo o corpo. No cérebro, elas interferem no humor, na cognição e em todas as demais funções cerebrais.

É por isso que antes de prescrevermos medicamentos para o tratamento dos problemas mentais e das doenças autoimunes, devemos restaurar a integridade da mucosa intestinal e sua flora. Agindo assim, cuidamos para que o próprio organismo sintetize as substâncias que lhe são necessárias, na quantidade e no momento adequado. E o melhor: sem efeitos colaterais.

Ensinaram-nos que as bactérias são más, que elas causam doenças, que elas são nossas grandes inimigas,  que devemos nos livrar delas…. Entretanto, devido ao seu grande número e à íntima relação que temos com elas, é preciso reconhecer o erro e passar a vê-las como aliadas. De fato, é isso que as pesquisas têm mostrado.

As bactérias no planeta Terra, e em nós, têm um objetivo primário: promover saúde e vida.
Mantenha as suas bactérias felizes!

O intestino é como uma grande fábrica química que não apenas digere alimentos, mas também produz vitaminas, regula hormônios e excreta toxinas. A microbiota é como uma floresta tropical – possui diversos e interdependentes ecossistemas. E para funcionar bem e gerar saúde é preciso que estejam em harmonia.

Infelizmente, a grande maioria das pessoas tem a flora intestinal doente. Sabe por quê?

1. Abusam dos fast food

Esses, são alimentos altamente processados, ricos em carboidratos e com várias outras substâncias para torná-los mais palatáveis. Cor artificial, aroma artificial, e ainda mais: são preparados com óleos de soja, milho ou canola – altamente inflamatórios.

2. Abusam de açúcar

O açúcar é neurotóxico e pode provocar demência e diabetes. Muitos, sabendo disso, migram para os adoçantes artificiais – o que é ainda pior! Cientistas israelenses demostraram que os usuários de adoçantes têm mais que o dobro de chance de desenvolver diabetes e Alzheimer. Isso se deve ao fato dos adoçantes alterarem gravemente a flora intestinal, promovendo fatores inflamatórios – que são a pedra angular de todas as doenças crônicas.

3. Abusam de antibióticos.

Além de serem usados como medicamentos, os antibióticos estão presentes também em nossa alimentação na forma de agrotóxicos e pesticidas.

4. Comem pouca gordura

Aprendemos, nos anos 80, que gordura faz mal. Isso foi um grande erro! Na verdade, 60% de nosso            cérebro é composto de gordura. Elas também fazem parte  das membranas celulares, das mitocôndrias e dos hormônios sexuais. O Ômega 3, que tem potente ação antiinflamatória e é fundamental para a função cerebral foi praticamente banido de nossa dieta. Toda gordura na forma de alimento é gordura boa. Gorduras ruins são gorduras trans (hidrogenadas), que foram criadas pela indústria alimentícia com o objetivo de melhorar o sabor e a conservação dos alimentos, ou seja, aumentar o prazo de validade deles.

5. Comem poucas fibras.

As fibras são alimentos para nossas bactérias intestinais. São as fibras que fornecem energia para que elas realizem o seu árduo trabalho.

Com a ingestão de alimentos pobres em fibras o intestino fica lento, o açúcar é rapidamente absorvido e consequentemente há grande liberação de insulina. Com o passar dos anos pode advir a síndrome metabólica que desencadeia uma série de fatores que aumentam a mortalidade por hipertensão arterial crônica, diabetes e Alzheimer.

6. Alergias e sensibilidades alimentares

Alergias são facilmente identificadas, porque há uma forte reação no corpo imediatamente após a ingestão do alimento, e a pessoa, com certeza, não vai querer comer esse alimento novamente.

Reações de sensibilidade são traiçoeiras porque a pessoa pode, por exemplo, comer uma fatia de pão na segunda-feira e ficar deprimida na quarta. Ou comer um pedaço que queijo hoje e ter enxaqueca amanhã. As pessoas não fazem essa conexão, porque não imaginam que os alimentos possam causar esses males.

É que nossa barreira intestinal está frequentemente rompida devido às agressões que recebe do meio ambiente: alimentos contaminados por pesticidas, conservantes, corantes, medicamentos como antiácidos, antiinflamatórios, etc. Essa permeabilidade intestinal faz com que macromoléculas sejam absorvidas e, como não são reconhecidas pelo  sistema imunológico, uma reação contra os invasores é desencadeada. Cefaleia, ansiedade e depressão apenas alguns dos muitos sintomas inflamatórios provocados por nossos mecanismos de defesa.

Os principais alergenos contemporâneos são o leite, a soja e o pior de todos: o glúten. Segundo Alessio Fasano, emérito professor de Harvard, o glúten rompe, não apenas a barreira intestinal, mas também a barreira hematoencefálica, de todos – mesmo dos não celíacos!

O intestino merece o título de “segundo cérebro” porque ele tem o seu próprio sistema nervoso e tantos neurotransmissores quanto o cérebro.

Agora, sabendo que temos um cérebro na barriga, que tal cuidar melhor dele?

 

Dr. Djalma Bambirra
Acredito que a verdadeira arte da medicina não é combater doenças, mas promover saúde.

13 thoughts on “O intestino – nosso segundo cérebro

  1. Dr. Djalma meu sonho é parar de consumir glúten e o açúcar, mas sou muito leiga em relação ao q diz respeito a substituição desses. Já melhorei demais no cuidado com o q como, mas falta muito ainda pra alcançar o q gostaria.
    Parabéns, tô lendo tudinho e me reeducando.

  2. Excelentes informações Dr. Djalma!
    Texto de fácil entendimento. Agradeço a Deus, por termos um ser tão Humano como você!
    Felicidades e sucesso nessa nova etapa.

  3. Dr.Djalma o Senhor é muito generoso em ter nos ensinado esta maravilha para nossa saúde. Que bom.Divino Pai Eterno jesus maria José abençoe vcs AMÉM BJS.

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