Terapia hormonal – por que não?

Em todo o reino animal somente se vive até a idade suficiente para criar os filhotes. Após o período reprodutivo o animal fica mais lento e é facilmente predado.

Nós humanos também somos assim: não fomos programados para viver muito além dos 50 anos de idade. Essa era a expectativa de vida em 1900. Hoje, segundo dados do IBGE/2017, o brasileiro vive em média 75.8 anos.

Três fatores foram fundamentais para o aumento da longevidade: o sanitarismo, a vacinação e os antibióticos. Muitos de nós, tendo boa alimentação, praticando exercícios físicos e desenvolvendo a espiritualidade, podemos almejar os cem anos.

Entretanto, para ser um longevo saudável é fundamental também fazer suplementação de vitaminas, minerais e por que não, de alguns hormônios?

Os hormônios sexuais (estradiol, progesterona e testosterona) exercem importantíssimas funções em todos os tecidos corporais, sobretudo no coração, cérebro e genitais. Por isso, as doenças cardíacas, neurológicas e as disfunções sexuais são muito mais comuns após a menopausa e andropausa.

Como manter, então, a juventude e a sexualidade saudável na falta desses hormônios?

Devemos jogar por terra o mito de que a reposição hormonal aumenta a incidência de câncer. Na verdade, o que se verifica com a reposição de hormônios bioidênticos é justamente o contrário: proteção!

É na presença dos hormônios sexuais que há renovação celular. Na falta deles, os tecidos ficam envelhecidos e, portanto, sujeitos a alterações cromossômicas.

Se os hormônios sexuais provocassem câncer, quem os teria seriam os jovens. Estes sim têm elevados níveis hormonais, não é mesmo?

Ocorre que estudos antigos, feitos com hormônios sintéticos – estrógenos conjugados retirados da urina de éguas grávidas e progestínicos -, em uma população não selecionada que incluía pessoas sedentárias, obesas e até tabagistas indicaram aumento do risco de câncer de mama. O maior, mais famoso e mais mal interpretado desses estudos foi o WHI (Women’s Health Initiative). Nele, mais de 161 mil mulheres foram seguidas a partir de 1993 e fizeram com que muitos, inclusive médicos, a partir de dados equivocados, temessem a terapia hormonal.

Entretanto, há mais de 20 anos já dispomos de hormônios bioidênticos. Isso quer dizer que são exatamente iguais aos que os ovários ou os testículos fabricam. Se estes hormônios são tão importantes na juventude e só fazem bem, por que fariam mal quando as gônadas deixam de fabricá-lo? Sem eles os ossos enfraquecem. Os músculos e o cérebro também!

O estrogênio aumenta a área pulmonar e facilita as trocas gasosas.

Quando iniciamos uma terapia de reposição hormonal o que mais ouvimos é:

– Oh! Agora eu me sinto eu mesma novamente.

Os principais benefícios da terapia hormonal bioidêntica são:

  • Diminuição do risco cardiovascular.
  • Menor risco da doença de Alzheimer.
  • Redução da incidência de osteoporose.
  • Aumento da capacidade respiratória. O que repercute em melhor oxigenação cerebral e muscular (atletas e cantoras logo percebem esse benefício).
  • Preservação da libido e função sexual.
  • Revitalização da pele, unhas e cabelos.
  • Remissão das ondas de calor e da instabilidade emocional.

Assim, devemos repor as mesmas moléculas sexuais (bioidênticas) tão logo elas se mostrem diminuídas.

Para as mulheres os mais importantes são: estradiol, estriol e progesterona. O estradiol é o mais potente para os tecidos corporais. Já o estriol tem sua ação principal nas emoções e é considerado anticarcinogênico. Mas, para que o organismo faça adequadamente a conversão de estradiol e estrona em estriol, é necessária a presença do iodo. Portanto, recomenda-se também a suplementação deste mineral.

Enquanto esses hormônios têm um grande declínio por volta dos 50 anos de idade, a testosterona frequentemente continua sendo sintetizada pelos ovários por mais alguns anos. E também deverá, oportunamente, ser reposta.

Vale frisar que a reposição desses hormônios deve ser feita exclusivamente através da pele porque, quando ingeridos, são conjugados e excretados pelo fígado, exceto a progesterona. Esta sim pode ser ingerida porque foge da metabolização hepática e, além disso, na sua forma oral a progesterona tem ainda uma ação tranquilizadora sobre o sistema nervoso.

Quanto aos homens, eles também devem fazer a reposição de testosterona, pois é ela que mantém a saúde de seu principal músculo… O coração!

A reposição de testosterona pela pele ou por injeções não aumenta em nada o risco de câncer de próstata. É seu derivado, a diidrotestosterona que tem ação hipertrófica sobre a próstata. Mas, repondo também a progesterona inibimos  a 5-alfa-redutase, enzima que faz essa conversão, evitando o risco. Sim! A progesterona não é um hormônio exclusivamente feminino. Assim como na mulher ela protege o útero, no homem protege a próstata. Útero e próstata têm a mesma origem embriológica.

Apesar de serem tantos os benefícios da reposição hormonal, ela deve ser feita cuidadosamente e de forma individualizada, sempre levando-se em consideração o estilo de vida, a sintomatologia e os exames laboratoriais.

O médico habituado à arte de manejar tais hormônios pode em muito contribuir para a melhora da qualidade de vida de suas clientes, porque hoje dispomos dos conhecimentos para fazê-lo com segurança.

Não precisamos fazer mágica, mas se soubermos aprender com a natureza, seremos longevos saudáveis.

Dr. Djalma Bambirra
Acredito que a verdadeira arte da medicina não é combater doenças, mas promover saúde.

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